Aquele que age por vontade própria é o significado da palavra “voluntário” que, em latim, significa “voluntarius”. As ações sociais são identificadas desde os primórdios da humanidade e com a migração, surgiram as desigualdades. O código moral do povo egípcio, associado aos discursos religiosos, estimulava as pessoas a pequenas atitudes voluntárias. O voluntariado foi ganhando outra dimensão e alcançou a atmosfera empresarial, propiciando benefícios aos envolvidos.
O voluntariado no Brasil está relacionado à colonização portuguesa com as Santas Casas de Misericórdia, por volta do Século XVI. As atividades filantrópicas eram realizadas por mulheres de famílias tradicionais para se promoverem socialmente. Posteriormente, o poder público passou a interferir nas instituições de filantropia, desenvolvendo políticas de ajuda humanitária. O Estado assumiu a responsabilidade em decorrência das condições de vida dos cidadãos menos favorecidos.
Com a Constituição Federal de 1988, os movimentos sociais hostilizados pela Ditadura ganharam carta branca para a realização e solidificação dos trabalhos voluntários. A cultura de solidariedade brasileira no âmbito empresarial ainda é rasa, quando comparada aos Estados Unidos, por exemplo. Desde o surgimento da nação, os norte-americanos nutrem o sentimento de pertencimento à comunidade, tornando as ações voluntárias um hábito diário. Entretanto, a perspectiva mudou com o tempo.
As organizações percebem o impacto da ajuda humanitária para a empresa e funcionários, gerando uma tendência comprovada pela pesquisa “Outras Formas de Trabalho 2017”, divulgada no último trimestre pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O trabalho voluntário cresceu 12,9%, entre 2016 e 2017, sendo que, atualmente, mais de 7 milhões de brasileiros praticaram assistência social, representando 4,4% da população.
As comunidades são beneficiadas com conhecimento e até mesmo recursos, sendo que as empresas conseguem humanizar as relações, melhoram sua imagem e qualificam os funcionários, aumentando o número de consumidores.
O colaborador também ganha, pois ajudar propicia um crescimento social, aumentando o sentimento de felicidade, proporcionando uma causa que, por sua vez, é a mesma da empresa, aumentando a satisfação e o desempenho com o trabalho. O indivíduo pode praticar características e habilidades que, às vezes, não teria oportunidade na empresa. O voluntariado ainda contribui para as pessoas saírem da zona de conforto e ampliarem a visão de mundo, tornando-as mais tolerantes com o diferente.
Muito além de doar dinheiro e deduzir uma parcela nos impostos, as organizações criam programas próprios de voluntariado e/ou cedem horas de trabalho dos funcionários para a assistência social. Alguns exemplos desses trabalhos são as vídeo-aulas sobre educação para comunidades remotas, plantação de árvores, aulas de recreação e esportes em escolas públicas locais, campanhas para arrecadação de recursos para ONG’s, construção de casas para comunidades em situação precária e realização de sonhos de crianças doentes.
O voluntariado atua em todas as arestas empresariais, enriquecendo o ambiente de trabalho e os funcionários ao contribuir para o fortalecimento da cidadania e a diminuição das desigualdades, sendo essencial para a economia prosperar.
Sônia Jordão é engenheira, especialista em liderança, palestrante e escritora, com centenas de artigos e diversos livros publicados, entre eles "A Arte de Liderar – Vivenciando mudanças num mundo globalizado".